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O Sindicato quer refletir sobre algumas questões fundamentais nas relações trabalhistas a que estamos submetidos.
Publicado em 12.06.2013 17:42:27

Caros/as Companheiros/as Professores/as,

Estamos em plena data-base, período de negociação para o estabelecimento de uma nova Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), e o SINEPE (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia) se recusa a negociar qualquer uma das cláusulas da nossa pauta de reivindicação. Considerando essa situação uma completa falta de respeito para com esta categoria – que conta com uma das piores CCTs do Brasil – a mesma deflagrou GREVE POR TEMPO INDETERMINADO A PARTIR DO DIA 9 DE JULHO. A intransigência dos donos de escolas, a não-aceitação da modernização das relações de trabalho, o forte ranço escravista que parece permear a mentalidade patronal, tudo emperra os avanços na Bahia.

Na maioria das escolas de Salvador, salas de aulas lotadas impedem o desenvolvimento de um trabalho professoral de excelência. Mensalidades caras não refletem a remuneração dos professores. Em média, as mensalidades pagas por 3 a 4 alunos são suficientes para pagar o salário e todos os encargos trabalhistas de um educador que tem entre 20 e 30 horas-aulas semanais de trabalho numa escola de grande porte – nas escolas menores, a situação é ainda pior. Normalmente, estes educadores precisam acumular um número excessivo de horas e turmas para compor sua remuneração (que ainda fica distante do ideal), trabalhando em várias escolas, o que acarreta sérios problemas de saúde, comprometimento da vida familiar, afetiva e social, além de reduzir a qualidade do trabalho desenvolvido por eles. Noites com poucas horas de sono, finais de semana inteiros dedicados às atividades escolares, sensação de frustração diante da necessidade de estar trabalhando durante todo o tempo fora da sala de aula e da escola são comuns entre os professores. O sobretrabalho – o excesso de exigências que não se explicam nem pela via pedagógica nem pela trabalhista – é algo que carece de pleno debate e de resoluções para a sua redução e remuneração. O assédio moral tornou-se constante, revelando a precariedade das relações e o desrespeito ao profissional de Educação. Adoecimentos físicos e mentais, além de licenças médicas em virtude dos mesmos tornaram-se normais, infelizmente.

Os donos de escolas, ou melhor, os empresários em Educação são, na sua maioria, ex-professores, mas parecem não se lembrar dos seus ofícios de origem e da luta que muitos empreenderam, no passado, pela melhoria das condições de trabalho do Educador. Enriquecidos, parecem querer apagar o passado e instaurar uma nova consciência de si mesmos e da atividade a qual estão ligados.

Os professores lutam pelo estabelecimento de relações de trabalho melhores, que valorizem a categoria. Valorização, numa sociedade capitalista-burguesa, significa salário digno e compatível com a riqueza gerada pelo esforço, talento e dedicação do trabalhador – algo que precisa ir além dos discursos, imediatamente. Valorização que gera aumento da autoestima, ambiente de melhor produtividade e, ao fim de tudo, oferecimento de melhores serviços.

O SINPRO-BA, na defesa dos interesses dos/as Professores/as e da Educação, vem lutando, em mais uma campanha de data-base, pelo pagamento das atividades extra-classe, pela reformulação do que significa o trabalho docente, pelo aumento do recesso entre os semestres, pela inclusão de cláusulas de saúde na CCT, pela valorização da profissão com ganhos reais.

Vamos reiterar nossa firmeza em indicar que a intransigência patronal e o arcaísmo da sua visão sobre o trabalho do educador têm sido os grandes entraves ao pleno desenvolvimento da atividade docente. Na sua luta diária de trabalhar para muito além do que são remunerados, os educadores exigem respeito e valorização. Cansados de pagar o alto preço de ver o sonho que os moveu a escolher a Educação como carreira se esvair ante a mesquinhez e a pequenez de espírito dos donos de escolas, os professores exigem mudanças e dão um basta!

Nossa luta está só começando! O Sinpro-Ba convoca toda a categoria a participar das paralisações, assembleias e atos públicos agendados até o início da nossa greve!

Diretoria Colegiada Sinpro-Ba