Apresentação

SP prevê dificuldade em aprovar cotas: ‘teremos muita discussão’
Publicado em 17.01.2013 8:31:46

Cotas, uma nova discussão nas universidades

Após pressão de grupos sociais, o governo de São Paulo apresentou, no final de 2012, uma proposta que prevê a reserva de vagas para estudantes de escolas públicas, negros e indígenas, nas universidades estaduais do Estado. A iniciativa, elogiada por entidades como a ONG Educação para Afrodescendentes (Educafro), não é uma unanimidade, e ainda precisa passar pela aprovação dos conselhos universitários de cada instituição. Para um dos articuladores do projeto, 2013 será um ano de muita polêmica.

“Penso que haverá muita discussão, debate, aquilo que é próprio da vida social. Mas tenho o sentimento de que, embora não seja fácil, conseguiremos passar para etapa seguinte”, diz Carlos Vogt, coordenador-geral da Universidade Virtual de São Paulo (Univesp), um dos braços operacionais da proposta do governo. Ele explica que as três universidades do Estado – USP, Unicamp e Unesp – têm autonomia para definir se querem ou não adotar as cotas.

“Como toda ideia nova, traz algumas polêmicas. Mas nós procuramos aliar as demandas sociais e étnicas pela inclusão, com a questão do mérito, que é um dos pilares das universidades paulistas, sempre respeitando a autonomia de cada uma”, completa.
Vogt ajudou a compilar o projeto formatado em parceria com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp). Desde que a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que obriga as universidades federais a reservar vagas para cotistas, em outubro do ano passado, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) vinha pressionando os reitores da USP, Unicamp e Unesp para aderir às cotas. No entanto, as instituições, que contam com menos de 30% dos seus alunos provenientes de escolas públicas, ainda resistiam à reserva de vagas.

Pela proposta, ao menos 50% das matrículas em cada curso de graduação deverão ser ocupadas por alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas. Dentro dessa meta, o percentual de negros, pardos e indígenas deverá ser de 35% – valor verificado para a população do Estado de São Paulo no Censo Demográfico de 2010. As metas deverão ser atingidas ao longo de três anos, a partir de 2014.

“Teremos um ano para discutir isso dentro das universidades e garantir a aprovação para que a proposta entre em vigor em 2014”, diz Vogt. Segundo ele, pode acontecer de somente parte das instituições aderirem ao programa, já que todas têm autonomia. “Se a USP, por exemplo, decidir que não quer as cotas, teremos que aceitar. Mas o ideal é que todas participem”. Além da USP, Unicamp, e Unesp, as vagas serão válidas para as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e para as faculdades de Medicina de Marília e Rio Preto.

Angela Chagas