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Sindicato participa do II Encontro Estadual do Proinfância
Publicado em 14.11.2013 10:25:45
O SINPRO/BA, por meio da coordenadora geral Heloísa Monteiro, participou do II Encontro Estadual do Proinfância Bahia MEC/UFBA (Ministério da Educação/ Universidade Federal da Bahia), realizado na primeira semana de outubro, no Bahia Othon Palace Hotel, em Salvador. “Precisamos reafirmar a importância do professor na educação infantil, assegurar às crianças um ensino de qualidade e fomentar, cada vez mais, o diálogo em torno da diversidade cultural do grande estado da Bahia, a partir das várias infâncias”, defendeu Heloísa.
Na ocasião da abertura, realizada no último dia 4, a professora e coordenadora do programa Proinfância, Marlene dos Santos, fez uma indagação: De qual educação infantil falamos, queremos e qual é a que a família tem direito?. A estudiosa destacou que falar de Centros de Educação Infantis no Brasil perpassa pela lógica dos interesses políticos-pedagógicos que influenciam para o bem e para o mal na criação de políticas públicas. “Tem que ser conferido à criança o poder de ser criança, sem que ela seja atropelada por outros interesses. Precisamos também assegurar aos professores que eles tenham condições de trabalho”, afirmou. Neste sentido, a coordenadora do Proinfância falou sobre a sua expectativa, frente ao evento, de reflexões importantes em prol do fortalecimento da educação infantil na Bahia.
Para Cleverson Suzart, diretor da Faced/UFBA (Faculdade de Educação da UFBA), a luta da equipe que integra o Proinfância é cotidiana. É um programa do governo federal que busca articular os pilares da educação: Ensino, Pesquisa e Extensão. “Fortalecer a Educação Infantil pressupõe uma pesquisa com esta práxis pedagógica. Assim, é uma satisfação ver este projeto se desenvolver desta forma”.
O educador e atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Zilton Rocha, também destacou a grande relevância da Educação Infantil, como uma fonte inesgotável de saberes e aprendizados.” É muito bom ver que estamos pensando na educação das nossas crianças cada vez melhor”, elogiou.
Segundo a representante do Mieib (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil), Mariete Félix, não é possível mais cometer o erro de dissociar o Ensino Médio do Infantil. “Queremos muito ampliar este debate. Precisamos, neste espaço, ter posicionamentos institucionais”. Ainda conforme Mariete, é importante que os municípios sejam assessorados, para um melhor aproveitamento dos recursos disponibilizados pelo Proinfância.
Palestra de abertura
Em seguida, a professora Maria Isabel Souza Ribeiro (UFBA/ FBEI), retomou a indagação de Marlene dos Santos: “De qual educação infantil estamos falando?” e convidou à mesa a pesquisadora Maria Aparecida Gobbi (Universidade de São Paulo) que proferiu a palestra de abertura: O currículo da/na Educação Infantil e suas múltiplas linguagens.
A estudiosa declarou ser uma defensora do direito à manifestação artística, pois ela é o principal elemento de composição da linguagem das crianças pequenas. Segundo Maria Aparecida Gobbi, é preciso um olhar sensível para os desenhos infantis, em especial, para entender o que eles estão comunicando. “Por meio dos seus traçados, meninos e meninas estão elaborando um universo infantil, no qual há hierarquia, rituais e códigos. Tudo inventado pela lógica das crianças, a partir de pesquisas pessoais do ponto de vista históricos e sociais”, explicou.
De acordo com a especialista, o desenho infantil não deve ser algo apaziguador das ansiedades e ter cunho disciplinador. “Como incentivar as crianças a explorar os ambientes e expressar com palavras, gestos, danças, desenhos, teatro, música, sem recriminar os choros e os aparentes excessos de movimentos?”, questionou.
Segundo ela, é preciso estar atento para que o ensino valorize a imaginação e a fantasia da criança e que não excluam as suas falas, e valorize os seus diferentes processos de criação.“Precisamos compreender que existem mais de um elemento dentro de um lápis, do que uma cor. O carvão, o lápis, o pincel ou o giz é a ponta do corpo inteiro. Nestes objetos, existem uma série de relações sociais contidas.”, sintetizou. A compreensão do adulto destes traçados infantis, no entanto, não é visto como algo simples. “É preciso um capital social muito grande para tal”, orienta.
A programação do evento reuniu ainda importantes nomes da Educação Infantil do país, como Tânia Ramos Fortuna (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Rosinete Valdeci Schmitt (Universidade Federal de Santa Catarina). Ao final, representantes do Fórum, as professoras Marlene Oliveira dos Santos e Maria Izabel Souza Ribeiro apresentaram os resultados da pesquisa do programa Proinfância nas escolas infantis da Bahia.
Leia matéria abaixo
Maria Helena Macêdo – Assessoria de Comunicação Sinpro/BA
PESQUISA
Só 54,6% das escolas infantis baianas têm proposta pedagógica
Apenas 54,6% das escolas de educação infantil baianas têm proposta pedagógica. Dessas, 17,3% não têm o registro escrito do programa. Os números são resultado de uma pesquisa apresentada no II Encontro Estadual do Proinfância Bahia, que terminou no último dia 6 de novembro. Foram colhidos dados de 237 municípios.
O levantamento foi realizado por meio de uma parceria do programa Proinfância, do governo federal – que prevê a construção de creches e pré-escolas – com a Universidade Federal da Bahia (Ufba). É o primeiro estudo sobre educação infantil com esse nível de abrangência realizado no estado.
A pesquisa constatou ainda que 55,3% das secretarias municipais de Educação não têm diretrizes e orientações específicas para essa etapa da educação básica. Em 57%, não há um setor específico para a educação infantil.
Segundo a professora da Ufba e pesquisadora Maria Izabel Ribeiro, os dados são preocupantes, especialmente porque não existe uma resolução do Conselho Estadual de Educação para a educação infantil.
“Se não há diretrizes ou um setor específico para educação infantil no município ou no estado, a quem os professores e diretores irão recorrer para elaborar suas propostas pedagógicas?”, disse.
Outro ponto de atenção é o fato de que apenas 15,3% das unidades de ensino que contemplam as crianças de 0 a 5 anos são próprias para esse fim. As demais são escolas de ensino fundamental com classes de educação infantil.
“A questão é que nem sempre essas escolas estão preparadas para receber essas crianças. É uma outra concepção de currículo, de formação de professores, de infância”, afirmou Maria Izabel.
Além disso, a pesquisa identificou uma grande carência de creches e serviços para os alunos de 0 a 3 anos. Só 0,6% das crianças até 1 ano e 9,9% das com3 anos estão matriculadas na rede de ensino. “Só agora, com o Proinfância, é que os municípios estão começando a oferecer vagas para os bebês”.
Formação
Segundo a coordenadora do estudo, a professora Marlene dos Santos, a parceria com o governo federal incluiu ainda um programa de formação de diretores e professores. “A gente entende que não basta ter um prédio bonito. É preciso que haja acompanhamento para que a escola tenha um currículo e um projeto pedagógico”, explicou.
Para ela, todo o trabalho contribui não só para que os municípios repensem e reformulem suas políticas, mas para transformar a velha crença de que não é preciso formação específica para aqueles que trabalham com as crianças menores. “A pesquisa deve ir para escolas, ser discutida nas secretarias. Não deve ficar perdida nas gavetas da universidade”, disse Marlene.
(Fonte: A Tarde, em 7.11.2013)