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Conselho repudia trote ‘racista’ na UFMG e indicação de Feliciano
Publicado em 11.04.2013 9:30:27

O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial publicou, na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União, moções de repúdio contra o trote com conotação racista realizado por estudantes do curso de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e contra a indicação de Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Imagens do trote na universidade, ocorrido no começo de março, foram publicadas em redes sociais e causaram protestos por parte de usuários. Em uma delas, uma jovem está pintada de preto com um cartaz de papelão escrito “Caloura Chica da Silva” – em referência à escrava que viveu no século 18 e entrou para a história brasileira. A moça está acorrentada pelas mãos e um rapaz sorri enquanto segura a corrente.

Na nota, o conselho diz que a atitude dos estudantes demonstra a perpetuação do racismo, até mesmo no meio acadêmico. “A imagem divulgada nas redes sociais e nos meios de comunicação remete-nos à prática recorrente de menosprezo e depreciação da mulher negra, desta vez com alusão descabida à Francisca da Silva de Oliveira, conhecida como Chica da Silva, figura histórica, ligada ao Estado de Minas Gerais que, tendo conquistado sua liberdade foi referência de ascensão social do negro durante o Império”, diz a publicação.

Ao reforçar que o racismo é crime inafiançável, o conselho pede ainda que a UFMG tome todas as medidas para garantir a penalização dos envolvidos no trote e para evitar que esse tipo de prática se repita. “Torna-se evidente que o trote racista ofendeu o direito da pessoa e da população negra à dignidade”. As moções foram assinadas pela secretária de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Luiza Barrios, que preside o conselho.

Sobre Marco Feliciano, o conselho manifestou a “indignação” com a posse do deputado como presidente da comissão. “Tal indicação contraria os propósitos da referida comissão, assim como os princípios básicos dos Direitos Humanos, uma vez que a trajetória e a postura do deputado em relação à população LGBT e à população negra se revelam preconceituosas e excludentes, causando insatisfação aos mais diversos segmentos sociais, com manifestações de repúdio à indicação do parlamentar, amplamente divulgadas nas redes sociais e nos mais diferentes canais de comunicação”.

O conselho ainda classificou como inaceitável a presença dele como presidente da comissão, “visto que afronta os princípios de liberdade, respeito e dignidade da pessoa humana, que devem ser assegurados independentemente do pertencimento racial e da orientação sexual”, completa a nota de repúdio.